quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Sentir-se importante

Ponto de vista   Foto:FlaGlvn

Ontem aconteceu um fato curioso. Uma amiga com quem eu não conversava desde Dezembro me ligou: "Oi, eu sei que sumi, admito (mea culpa), mas aconteceram algumas coisas e aqui estou eu". Continuamos a conversa por whatsup porque o sinal do celular estava ruim. Contente por nos falarmos outra vez ela contou de sua saída do emprego, como estava feliz por poder andar pela cidade e notar coisas que não havia notado quando estava sempre na correria, como perdeu peso depois que parou de trabalhar, etc. Fiquei realmente feliz por ela, porque sei como ela estava se sentindo, já estive no mesmo lugar, vivi a mesma situação. Enfim, ela me pergunta: "E você, como vai? Como anda a vida? O que tem feito?". 

É curioso como nos sentimos importantes quando as pessoas nos perguntam questões simples como essa: "Como está você". Quer dizer que se importam com você, que sua pessoa tem algum valor para elas. Ou não. Pode ser uma mera formalidade, uma conveniência. E ao nos darmos conta de que não estão realmente interessados em saber como temos passado, nos sentimos enganados e traídos por nossas expectativas com o outro. Eu que vivi diversas vezes essa situação deveria imaginar que desta vez não seria diferente. Minha "amiga" em questão estava feliz com seu momento presente e só queria compartilhar isso com alguém. E como sou a pessoa mais próxima dela em termos de "amizade para confidências" nos últimos anos, não deveria me surpreender em ser procurada, ainda que nos encontremos apenas umas duas ou três vezes no ano inteiro. No final das contas, sempre que nos vemos pessoalmente é como se tivéssemos conversado ainda ontem.

Mas embora ela me ligue em momentos bons e ruins para compartilhar sua vivência e seus pensamentos, ainda não tinha caído minha ficha que ela não queria necessariamente saber a meu respeito. Então quando comecei a contar de meus dias, ela continuou falando sobre seus próprios feitos como se as perguntas iniciais não me tivessem realmente sido direcionadas a mim: "Como vai você?". E rapidamente após despejar em mim o resumo de suas últimas semanas, ela se despediu e foi continuar sua rotina enquanto eu ainda assimilava tudo sem concluir minhas próprias vivências para ela. Foi como se uma ventania tivesse surgido do nada, durado apenas alguns segundos e desaparecido da mesma forma que chegou, me deixando descabelada e sem referências da direção que eu estava seguindo antes de continuar.

No começo me senti chateada por mim e uma imensa bronca por essa atitude de ser tão"sem noção" que ela costuma ter comigo. Mas depois pensei: "Por que estou brava com algo que sei que não vai mudar? É a natureza dela essa necessidade em falar para suprir uma carência e ficar feliz em ter alguém com quem dividir suas coisas". Ela é assim, ponto. E com certeza não é só comigo. Não devo levar para o lado pessoal, nem me sentir usada por isso. Ainda que ela esteja inconscientemente me "usando" para uma satisfação pessoal momentânea, não está fazendo na maldade. Algumas pessoas agem por maldade, mas essa amiga especificamente sei que não é o caso. 

O fato é que talvez a prioridade de algumas pessoas não seja ouvir o que você tem a dizer e sim ter alguém para ouvi-las. Só não percebemos isso porque em geral também queremos ser um pouco ouvidos. E essa amiga, mesmo sem querer me magoar, acabou me ajudando através da percepção gerada pela decepção a compreender que também já agi assim com os outros. Provavelmente perdi algumas amizades porque não havia percebido eu própria "falava demais" quando outros também queriam minha atenção de ouvinte. Hoje essa amiga é o que eu fui para minhas antigas amizades. 

Me entristece as perdas passadas, mas fico feliz de finalmente compreender um novo sentido sobre "sentir-se importante" mesmo não fazendo de fato parte da vida de alguém. Cada um dá aquilo que pode, agradece pelo aprendizado e segue em frente. O que fica é reflexo do ego de cada um. 

Por: FlaGlvn.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Escolhas e Expectativas

De bem com a maré                             Foto: Pinterest
O que vou escrever hoje não é para mim. É para alguém especial que eu tenho visto sofrer e fico triste por seu estado angustiado, desmotivado, buscando um significado para a vida, como se tivesse perdido o interesse em viver. Isso me parte o coração, me faz sentir impotente porque não sei como ajudar. Tenho minhas limitações. Então vou tentar apenas falar sobre a situação usando um ponto de vista que procure fazer sentido não apenas a mim, mas para quem ler o que estou postando (e quem sabe) talvez, dar uma luz de como seguir em frente.

Dizem que enquanto a depressão é um sintoma sentido por pessoas que vivem do passado, a angústia é um sintoma vivido por pessoas que se preocupam muito com o futuro. A depressão gera uma profunda tristeza, uma sensação de desamparo e um vazio que nos faz desejar dormir por uma "eternidade" até que possamos despertar num dia bonito e sentirmos de novo que está tudo bem e no lugar certo.

Já a angústia gera uma inquietude, uma opressão enorme no peito e uma sensação de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento. Não queremos estar onde estamos, mas também não há um lugar seguro para ficar. Queremos tomar uma providência, mas não sabemos "o que" fazer porque embora a sensação seja muito real, o motivo parece surreal, inexplicavel. Podemos num dado momento da vida, por diversos fatores físicos e emocionais, ter ambos os sintomas de depressão e angústia.

A questão é que no caso do passado, sabemos que ele não volta. E o que está feito, está feito. Não dá para desfazer. O que podemos tentar fazer diante das circunstâncias relacionadas com o passado é perdoar aos outros (e nos auto-perdoar ou pedir perdão a quem esteja relacionado ao problema que nos aflige). Também podemos buscar "compensar" o que passou com ações no nosso presente. Não devemos ficar nos martirizando. Devemos deixar o passado no lugar dele, onde estiver, não ficar lembrando, mas sim desapegar e seguir em frente. A sensação de desapego traz mais leveza para a vida com o tempo.

Já no caso do futuro, o que dizer de sofrermos por algo que nem sequer ainda aconteceu? Bom, se não aconteceu, significa que aquilo que insistimos em antever penosamente pode ou não acontecer. É o famoso sofrimento por antecipação, ou seja, sofremos "à toa". E isso despende não apenas nosso tempo presente, mas nossa energia. Nos sentimos mais abatidos, porque a sensação física é real. O desgaste físico é real. Então para que perder tempo com a antecipação de algo que não controlamos? O que se ganha com isso? Absolutamente nada. Não se trata de ignorar o futuro agindo de forma inconseqüente hoje. Trata-se simplesmente de não pensar muito em possibilidades que nos façam "sofrer" sem estar vivendo uma real situação. Percebe a diferença?

O futuro é como um vórtice em movimento, em transformação, que nos suga se chegarmos muito perto de sua gravidade, distorcendo a nossa realidade no presente. E já que são muitos questionamentos seguidos de "e ses" os quais muitos nem irão se concretizar, não vale a pena irmos em direção a ele por mero impulso. Deixe onde está e viva o agora. Se tem dúvidas que te incomodam sobre o futuro questione se elas podem ser resolvidas de alguma maneira agora, no seu presente, ou num futuro a curto prazo. Do contrário, não se iluda. Se tiver solução, quais são os passos a serem dados? Se não tem solução e realmente não há nada a ser feito, deixe o tempo cuidar disso. Inclusive porque até chegar ao tão temido futuro, ele já não será mais seu futuro, mas sim um novo presente. E quem sabe nesse outro presente haja uma solução para o que não podia ser resolvido antes?

Já vivi muito do passado e me frustrei muito com meu futuro. Eu tinha sonhos e planos e posso dizer que desviei bastante do caminho. Mas hoje sei que a frustração é reflexo de expectativas muito altas que criamos ao longo da vida. A partir do momento que deixamos de ter expectativas demais e decidimos parar de nos debater contra a maré, fica mais fácil viver e tolerar os acontecimentos do dia-a-dia. Quanto ao prazer pela vida, cabe a nós nos agarrarmos ao que está disponível a nossa volta e aproveitarmos ao máximo, da melhor maneira possível, mas também sem nos acomodar demais.

Não precisamos desistir de algo que acreditamos, mas existem momentos na vida que devemos recuar para longe dos extremos, pois eles podem nos machucar como pedras pontiagudas se não estivermos preparados para o baque. E mesmo que ficar no morno da vida não seja sua primeira opção e nem a mais emocionante de todas, o meio termo pode ser um conforto temporário até você enxergar novamente uma direção e obter forças para sair da praia em busca de novos desafios.

Há momentos na vida em que prendemos a respiração e mergulhamos bem fundo. E há momentos em que devemos voltar a superfície para respirar. Não há certo nem errado, apenas escolhas daquilo que julgamos que irá nos fazer bem. Faça as suas sem compromissos e expectativas altas. Faça sem pretensões e escolha o que te deixa feliz através de "pequenos feitos", mesmo que ninguém mais enxergue a felicidade em sua simplicidade, a não ser você.

Por: FlaGlvn.

domingo, 17 de março de 2013

Um dia de São Patrício solitário

Com o mundo cada vez mais miscigenado na "troca" entre culturas, ultrapassando barreiras da língua, internet e comércio internacional, da comida típica a música, da tecnologia a religião - e da arte até onde nossos sonhos alcançarem a realidade, fica cada vez mais comum celebrarmos datas de eventos que não fazem parte de nosso folclore ou não tiveram origem fundada em nosso país - mas que, de alguma forma, estão ligados as nossas crenças ou ao menos os quais simpatizamos.

É o caso da comemoração do dia de São Patrício, bretão religioso que teve forte influência na Irlânda. Tendo como símbolo o trevo de três folhas referindo-se à Santíssima Trindade e a cor verde para representação da esperança e boa sorte para aqueles que a vestem, St.Patrick´s Day é comemorado não apenas por católicos, mas por quem usa a data como pretexto para reunir amigos para um bom papo e "comebebemorar", digamos assim.

Com a vinda de escolas da língua inglesa para o Brasil, essa celebração - assim como o Halloween, tornaram-se mais comuns. Apesar de ganharem um sentido bem "comercial", da mesma forma que acontece com o Natal, a Páscoa, dia dos Pais, Mães, Avós, Crianças, entre outras, não dá para negar que a expectativa de se reunir com pessoas queridas e curtir o dia de forma descontraída e temática é divertido.

Bom... E o que fazer quando estamos sozinhos como é o meu caso logo hoje? Não tem problema! O importante é entrar no clima. Ainda mais para o tempo chuviscoso que está lá fora. Não chove, nem chuvisca direito, é um misto dos dois, então dá mais preguiça ainda. Dia perfeito para ficar em casa e fazer algo especial, mesmo que só para mim.

Vou ter que dar uma geral na casa, fato, porque ficou largada às traças na última semana. Depois vou fazer um pouco de arte, porque o tempo também me traz alguma inspiração. Acho que vou me cuidar um pouco, porque ultimamente tenho andado bem largada, rs. E já que é domingo, vou então me dar o direito de relaxar e ficar bonita.

Próximo passo, música celta. Adoro esse tipo de música, traz alegria para o ambiente e um ar de magia - Ao menos para mim, que tenho a imaginação solta. Finalmente ao entrar no "clima", vou começar a preparar meus pratos e bebidas preferidos. Estou pensando em algo que envolva batatas com alecrim e peixe. Isso acompanhado de cerveja. Não é exatamente um "fish´n´chips" porque pretendo fazer algo de forno, mas acho que fica tão bom quanto e definitivamente mais saudável. Sobremesa: algo que envolva café irlandês ou licor Baileys. Acho que tudo isso está de bom tamanho para curtir na companhia de uma televisão.

No final, seja qual for a data que você esteja comemorando (sozinho ou acompanhado), o que importa não é o número da sua companhia, mas a qualidade do tempo passado com ela. Se estiver só nesse dia, faça com que você "se baste". Se estiver com mais pessoas continue se sentindo "bastar". Quando nos bastamos para nós ou para os outros, sentimos que o dia ou o momento realmente valeu.

Por: FlaGlvn.


sexta-feira, 15 de março de 2013

Marcha de Março


Imperatriz

Parece que estou pulando os meses para escrever neste blog. Já percebi isso. Mas o fato é que tem estado um tanto corrido para eu sentar na cadeira e pensar em algo realmente "bom" para escrever. E então os meses passam. Quando me dei conta, mais um mês se foi! E assim marchamos para dentro de Março. Segundo a Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mar%C3%A7o

"O mês de março (AO 1945: Março) é o terceiro mês do ano no calendário gregoriano e um dos sete meses com 31 dias. Março inicia (astrologicamente, não sideral) com o sol no signo de Peixes e termina no signo de Áries. Astronomicamente falando, o sol inicia na constelação de Aquarius e termina na constelação de Pisces. Março no Hemisfério norte é o sazonal equivalente a setembro no Hemisfério sul. Por volta de 21 de março, o Sol cruza o equador celestial rumo ao norte; é o equinócio de março, começo da primavera no Hemisfério Norte e do outono no Hemisfério Sul. O nome "março" surgiu na Roma Antiga, quando era o primeiro mês do ano e chamava-se Martius, de Marte, o deus romano da guerra. Em Roma, onde o clima é mediterrânico, março é o primeiro mês da primavera, um evento lógico para se iniciar um novo ano, bem como para que se comece a temporada das campanhas militares".


Não sei dizer se é um estigma, mas a impressão que este mês específico me passa é que trata-se de um período de lutas. Não somente pelo nome, mas pela época em si. Encerramos um ano, iniciamos outro e já de cara temos uma pausa na famosa Quaresma católica que segue após o Carnaval. Parece que o país não anda, as pessoas não se mexem muito nesse período, cada um está por si. É calor, final de verão no Brasil. Ficamos mais lentos nesse clima. Atravessamos Fevereiro com o famoso desfile das escolas de samba, bebedeira e algazarra. Particularmente não gosto. Tem aqueles que aproveitam para realmente tirar férias e curtir um pouco a vida, respirando melhor.

Espiritualmente falando, para alguns, é quando "a bruxa fica solta". As pessoas não começaram o calendário direito e já estão cansadas só de pensar em seguir em frente. Tenho a impressão de que as coisas não saem direito do lugar. E então Março anuncia que é hora de pôr ordem na casa, arregaçar as mangas para o trabalho, se preparar para o Outono da vida e as folhas secas que teremos de separar e varrer. O número 3 entra em cena, dizendo que agora sim é hora de se levantar e batalhar. Curiosamente, esse número no Tarot é representado pela Imperatriz, uma carta que indica realizações e preparo. É quando tomamos fôlego para seguir em frente.

É hora de deixar alguns conceitos velhos de lado, dar uma limpeza nas prateleiras para preencher com coisas novas, planejar cuidadosamente projetos para o futuro próximo e a longo prazo - e colocar as mãos na massa. Também é a hora da renovação de esperanças, afinal, quando ganhamos nova energia para nossas realizações parece que tudo é possível. Aquela nuvem de pessimismo que nublava nossa visão das coisas se dissipa, lentamente dando lugar a uma nova paisagem e mostrando que para tudo há um caminho alternativo. Se não podemos fazer as coisas de um jeito, tentamos de outro, buscamos soluções. Muito do que desejamos não é impossível, apenas um pouco trabalhoso.

Hoje assisti aquele filme "Feitiço do Tempo", com o Bill Murray e Andy MacDowell, em que eles vão para uma cidadezinha onde todos os dias é inverno, ele acorda sempre na mesma data e todas as coisas se repetem até que ele aprenda algo com os acontecimentos e se modifique. Essa comédia acaba sendo exatamente um retrato do que vivemos na vida real. Nossos dias são iguais, com algumas modificações. Mas no geral seguimos uma rotina, cometemos os mesmos erros, temos os mesmos pensamentos e pré-conceitos, julgamos, criticamos, cobramos, queremos, culpamos e deixamos de olhar para as pessoas a nossa volta, incluindo aquelas ao nosso lado.

A vida passa, retornamos às mesmas batalhas do mês de Março inúmeras vezes, até que um dia percebemos que seguimos em circulos. A vida é feita de ciclos, então isso acaba sendo natural. O que não é natural é nos acomodarmos. Não se acomode na sua vida, não se entregue. Viva um dia de cada vez e não se intimide em repetir os mesmos capítulos, mas faça tudo diferente. Aí sim você vai ver como aproveitou bem seu precioso tempo.

Por: FlaGlvn.




quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

...E Janeiro se foi.

Viramos o mês.

Bem vindo Fevereiro!
Não sei o que aguardo, mas sempre dou boas vindas para o que vier, torcendo para que seja o melhor. Melhores sonhos, melhores realizações, dias melhores e noites também. Desejo que as oportunidades sejam melhores e as pessoas umas com as outras e consigo mesmas.
Que sejam mais sinceras, mais honestas e desarmadas. Desejo que O Mundo seja desarmado, pacífico e que simplesmente acompanhe a maré, sem forçar a barra, sem mesquinharias, sem querer ser "o melhor" e ter "do melhor" apenas para si. Desejo que o mundo saiba compartilhar o que tem de bom. Quem sabe?Ainda que desejando nem tudo se realize, a o menos da minha parte vou dar o meu melhor.

 

Por: FlaGlvn.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Impressões

 


A impressão é algo que fica gravado em nossa memória quase que como a marca de um carimbo. Às vezes ela pode ser bem forte, outras vezes uma mera marca d´água. Mas independente da força com que foi estampada, o fato é que ela está lá, não importa se é algo gritante ou um mero borrão.Trata-se de um misto de sensações que despertamos em nosso subconsciente com imagens de idéias pré-concebidas e que uma vez estampadas fica difícil mudar. Em geral as negativas com mais freqüência que as positivas. Muitas impressões são acertivas, geralmente a famosa "primeira impressão é a que fica" tem um apelo que não dá para ignorar.

Mas temos que considerar que ela não acontece sozinha, pois se alguém impressiona, existe um outro alguém o qual se sente impressionado. E o ser humano é muito auto-impressionável, até mesmo quando não passamos impressão alguma. Dizem que as pessoas podem ver umas as outras a partir de uma determinada imagem, que muito provavelmente é diferente da imagem que tem de si mesmas, que também é diferente do que elas realmente são.

Somos todos vislumbres de algo que nunca nem nós mesmos poderemos enxergar por completo. Inclusive porque estamos o tempo todo mudando. A vida, os acontecimentos a nossa volta, como nos sentimos em relação ao mundo são fatores que distorcem, se moldam e remodelam o tempo todo. Somos todos fogo, água e barro, podendo nos tornar melhores ou piores de acordo com os acontecimentos. Nós moldamos nosso caráter e tudo o que diz respeito a ele. 

Escrevi isso hoje pensando no fato de que todos podemos errar em nossos julgamentos, por mais que as impressões digam o contrário. Já vivi e presenciei os dois lados da situação, tanto o de passar impressões erradas como o de julgar por uma má impressão. Todo ser humano passa por isso, uma vez que trata-se de um comportamento social aprendido, mesmo que ocorra de forma inconsciente. E estar em qualquer um dos lados é sempre desconfortável, ninguém quer estar.

Primeiro porque más impressões criam máculas e mágoas. Segundo porque é difícil desfazer a imagem - e mesmo que consiga haver uma conciliação depois disso as coisas nunca mais voltam a ser as mesmas, especialmente entre pessoas próximas. E a menos que os dois lados estejam dispostos a esquecer o que passou e começar uma página em branco, sem pré-conceber a imagem do outro, não há muito a ser feito. O tempo cuida de muita coisa, mas deve haver algum interesse real em perdoar e seguir em frente. E esse é um dos passos mais difíceis para ficar de bem com a vida. Só não é mais difícil que o de se auto-perdoar, seja porque erramos ou porque permitimos que outras pessoas errassem conosco. Vivemos numa era individualista e egoísta, então as pessoas não estão realmente muito interessadas em como vamos nos sentir em relação a tudo isso. O que importa para a maioría é "me conte o mínimo dos seus problemas (porque já tenho os meus) e aí eu penso se vou me aproximar de você".

E se esse egoísmo é uma forma de defesa, que na verdade não é errado se estamos buscando nos preservar,  por um outro ângulo tal comportamento gera carência naqueles que possuem expectativas em relação àquele que deseja uma distância segura para não se envolver. É quase cruel pensarmos que seremos lembrados por nossos problemas e erros cometidos, mais do que por nossos acertos e realizações positivas, ainda que os últimos superem os primeiros.

De forma contraditória cada vez mais sentimos a necessidade do contato humano, mas não queremos lá muita aproximação. É assim: "me passe o sal, mas não se levante da outra ponta da mesa para invadir meu território, pois estou confortável na minha posição". Então vemos uma número crescente de amigos da vida real se afastarem para manterem um mero contato pelas redes sociais virtuais. E se a internet conecta, ao mesmo tempo afasta e banaliza. Porque novamente estamos tratando de impressões, desta vez criadas não por fatos ao vivo e a cores, mas por aqueles que acontecem em nossa mente, a partir do que lemos no cibernético e concluímos por presenças ou ausências e muitas vezes pela má interpretação do que é dito ou não dito.

Criamos um achismo sobre a suposta ignorância do outro e acabamos ignorados ou ignorando. E aqueles que queriamos antes tão próximos de nós, agora preferimos que se afastem em silêncio, até não haver mais vestígios das impressões que criamos deles ou que criaram de nós, nos esquecendo de que é tudo uma questão de ponto de vista.

Por: FlaGlvn.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

"E se..."

 


Uma questão muito conhecida e com sentido duplo é aquela que fazemos a respeito de algo que não se concretizou, mas que ficamos imaginando como seria se fosse concretizado. Funciona como uma faca de dois gumes, podendo ser útil ou atrapalhar nossa vida se não soubermos como lidar com ela. "E se?" é uma interrogativa sobre algo que você nunca realizou e se arrependeu porque gostaria de saber como seria caso tivesse realizado ou é uma possibilidade de algo que você imagina poder concretizar no futuro?

Acredito que sempre vale a pena sonhar, desde que você não se perca em seus sonhos. Todos sonhamos, acordados ou não. Mas existe um limite entre a divagação e a realização. Atravessei minha vida caminhando por esse limite, com arrependimentos e satisfações como todo mundo. Mas o que posso passar adiante da minha vivência com os muitos "e ses" é: - Só questione o que vale a pena. Aquilo que você não vai realizar - seja porque não pretende ou porque não tem solução - não se dê ao trabalho de perder tempo.

Seu tempo é mais precioso ao dedicá-lo em coisas que podem ser concretizadas do que àquelas que gostaria de ter realizado, mas que passou do tempo de realizar. Toque a vida, siga em frente. Existe o tempo certo para cada sonho. Existe o tempo certo para cada fazer. Não pense nos "e ses" do passado, mas naqueles do futuro, enquanto realiza tantos outros no presente.

O que se fez ou disse, está feito, está dito. Precisa de correções ou soluções? Podem ser realizadas? Depende só de você ou de mais alguém? Se não, parta para algo novo. Saiba colocar ponto final nas coisas, inclusive aquelas que não tem mais jeito, aliás, justamente por não terem jeito. O que não damos jeito, se ajeita por si. Seja um pedido de desculpas, uma oportunidade perdida, um compromisso não assumido, uma viagem, algo que deixamos de comprar, uma tarefa que deixamos de cumprir, o que for. Se não conseguimos da primeira vez e podemos correr atrás do prejuízo, ótimo. Corrija e considere uma lição aprendida. Não teve jeito? O prejuízo está feito e o que vier não está mais em suas mãos? Então siga seu roteiro de vida que o tempo se encarrega do resto.

Aprendi muito sobre isso no último ano. Especialmente no que diz respeito a sinceridade. Nem todo mundo está preparado para ouvir sinceridade demais. O ser humano é feito de medidas. O que nos esquecemos às vezes é que para cada pessoa existe uma medida certa. E eu exagerei em algumas medidas. O problema é que assim como alguns pratos, nem sempre existe uma correção apropriada para o tempero que foi colocado demais, por mais que tentemos o nosso melhor.

E aí vem o questionamento "e se"? E se eu tivesse colocado de menos ou colocado depois ou colocado algo diferente? Não dá para saber, porque já foi. Me arrependi? Não vou mentir que por um certo tempo sim. Mas também tenho aprendido muito nos últimos anos que arrependimento de certa forma está relacionado com expectativas. Se não esperamos demais dos outros, não há porque nos frustrar. Ao menos o nível de frustração que sentimos está proporcionalmente relacionado com o nível de expectativa. Uma matemática que às vezes nos esquecemos quando nos tornamos emocionais demais.

A vida pede que para alcançarmos o mínimo de satisfação no dia-a-dia baixemos o nosso nível de expectativas. E para encontrar o equilibrio que buscamos não devemos nos perguntar o que "poderiamos" ter feito se as coisas fossem diferentes, mas sim o que "podemos" fazer hoje, pelas oportunidades que estão batendo em nossas portas neste instante. Às vezes para começarmos a realizar algo positivo é necessário cessar um pouco dos questionamentos e apenas seguir o caminho a frente.

Por: FlaGlvn.